USP estima 44,8 mil pessoas em ato convocado por Bolsonaro na Paulista
O ato promovido neste domingo (6) na Avenida Paulista, em São Paulo, pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pelo pastor Silas Malafaia, reuniu cerca de 44,8 mil manifestantes, segundo levantamento do grupo “Monitor do Debate Político”, ligado ao Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), em parceria com a ONG More in Common. A estimativa foi feita com base em imagens aéreas captadas por drones e analisadas por inteligência artificial no horário de pico, às 15h44.
O número é mais que o dobro do registrado na manifestação anterior organizada pelo ex-presidente, realizada em Copacabana, no Rio de Janeiro, em março deste ano, quando o mesmo grupo calculou a presença de 18,3 mil pessoas. Na ocasião, a Polícia Militar fluminense estimou um público muito maior, de 400 mil, mas não divulgou os critérios utilizados para essa medição. O governo estadual do Rio é comandado por Cláudio Castro (PL), aliado de Bolsonaro.
Apesar do aumento em relação ao ato no Rio, a manifestação deste domingo teve adesão inferior à registrada em fevereiro de 2024, quando cerca de 185 mil pessoas compareceram à Avenida Paulista em apoio ao pedido de anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023.
A mobilização representa uma tentativa de reanimar a base bolsonarista na capital paulista, após a fraca participação observada na orla carioca. Na época, os organizadores esperavam reunir um milhão de apoiadores, mas o público estimado não chegou a 2% dessa expectativa.
Em outra ocasião, em setembro de 2024, Bolsonaro já havia levado cerca de 45 mil pessoas à mesma avenida para protestar contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF.
O relatório da USP detalha que foram analisadas 47 imagens tiradas em três horários diferentes — 14h05, 14h42 e 15h44 —, com nove delas selecionadas para a contagem no momento de maior aglomeração. A tecnologia aplicada localiza e marca automaticamente as cabeças visíveis na multidão, fornecendo uma estimativa precisa do total de pessoas.
Pedido de anistia e caso simbólico
O tema central do ato foi o apelo por anistia aos condenados pelos atos antidemocráticos de janeiro de 2023. Durante seu discurso, Bolsonaro voltou a citar o caso de Débora Rodrigues dos Santos, cabeleireira acusada de pichar uma estátua com batom, que cumpre prisão domiciliar. O ex-presidente classificou a punição como desproporcional e disse que os alvos das condenações são pessoas simples, religiosas, que não representam ameaça. “Velhinhas com bíblia na mão”, afirmou.