O ex-ministro da Casa Civil e ex-presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), José Dirceu, afirmou neste sábado que a militância do partido comete um equívoco ao criticar a atuação de evangélicos no campo político. Durante uma plenária do PT realizada em Brasília, ele ressaltou que a legenda tem suas origens profundamente conectadas às igrejas, destacando o papel histórico das comunidades religiosas na formação do partido.

— É um erro criticarmos a presença dos evangélicos na política. Nós nascemos nas igrejas, nas pastorais. Quando estávamos prestes a ser presos, era para as igrejas que fugíamos. Era lá que organizávamos nossos comitês de greve e fazíamos campanhas de arrecadação de alimentos — afirmou Dirceu, em um discurso calorosamente aplaudido pelos presentes.

Apesar de reconhecer diferenças ideológicas entre o PT e certos grupos evangélicos conservadores, o ex-ministro rejeitou que os debates se concentrem em questionar a legitimidade de líderes religiosos ocuparem espaços políticos.

— Temos projetos antagônicos por causa do conservadorismo, do liberalismo econômico e do autoritarismo de algumas facções evangélicas. Mas isso não significa que devemos barrar sua participação política. A questão não é religiosa, mas sim programática — declarou.

O Retorno de José Dirceu à Cena Política

As declarações de Dirceu ocorrem em um momento em que ele busca retomar espaço na política brasileira. Após participar de eventos importantes como a celebração dos 45 anos do PT no Rio de Janeiro, onde foi ovacionado pela militância, o ex-ministro intensificou sua agenda pública. Em março, ao completar 79 anos, ele promoveu duas comemorações: uma íntima e outra voltada para apoiadores em São Paulo, onde ofereceu uma feijoada gratuita.

Cotado para disputar uma vaga na Câmara dos Deputados em 2026, Dirceu tem investido em sua visibilidade política. Ele planeja lançar o segundo volume de suas memórias entre maio e junho deste ano, seguido por uma turnê de divulgação no interior de São Paulo durante o segundo semestre.

Embora afirme que a campanha eleitoral só ganhará força em 2026, Dirceu já sinaliza que pretende engajar-se ativamente nos debates políticos nos próximos meses. Sua trajetória recente reflete um esforço para consolidar seu retorno ao cenário partidário, buscando reconciliar divergências internas e reposicionar o PT frente aos desafios atuais.

A fala sobre os evangélicos, em particular, revela uma tentativa de ampliar o diálogo do partido com setores antes considerados distantes da base petista, reforçando a necessidade de construir pontes em vez de criar barreiras ideológicas.