Karipbek Kuyukov nasceu sem braços, consequência direta da exposição à radiação nuclear antes mesmo de vir ao mundo. Ele é uma das muitas vítimas invisíveis dos testes nucleares realizados pela então União Soviética no polígono de Semipalatinsk, no Cazaquistão, onde mais de 450 explosões nucleares foram conduzidas entre 1949 e 1989. As ondas de choque desses testes não atingiram apenas o solo — atingiram a dignidade humana, a saúde das populações e o equilíbrio da biodiversidade.
Apesar das limitações físicas, Karipbek se tornou um renomado artista e ativista, usando a boca e os pés para pintar e expressar o horror vivido por ele e por milhares de outras pessoas. Sua arte é uma denúncia viva dos horrores nucleares e uma esperança por um mundo livre de armas atômicas.
As bombas não destruíram apenas cidades e corpos. Elas deixaram cicatrizes invisíveis no DNA das futuras gerações. Milhares de pessoas sofreram mutações genéticas, câncer, deformidades e doenças incuráveis. O impacto radioativo também contaminou rios, solos e animais, afetando ecossistemas inteiros e contribuindo para a extinção de espécies locais.
Na biodiversidade, os efeitos foram devastadores: o solo perdeu fertilidade, a vegetação foi queimada até as raízes e espécies de animais selvagens foram exterminadas em áreas inteiras. A radiação permanece ativa por décadas ou séculos, atravessando o tempo e comprometendo a regeneração dos habitats naturais.
A história de Karipbek Kuyukov é, ao mesmo tempo, testemunho e advertência. Ela nos lembra que o verdadeiro poder da bomba atômica não está apenas em sua explosão, mas na persistência silenciosa da destruição que ela deixa: nos corpos humanos, nas gerações futuras e na teia da vida que sustenta o planeta.