Uma pesquisa divulgada pela Quaest em junho revela um dado que pode redefinir o cenário político brasileiro nos próximos anos: dois em cada três brasileiros acreditam que nem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nem o ex-presidente Jair Bolsonaro deveriam se candidatar novamente à Presidência da República.
O levantamento escancara um sentimento crescente de desgaste em relação aos dois principais polos políticos que dominaram as eleições nos últimos anos. A chamada polarização entre lulismo e bolsonarismo, que marcou os últimos pleitos, parece não representar mais a totalidade dos eleitores.
Outro dado que chama atenção é a fragmentação ideológica do eleitorado. Embora o debate político ainda seja fortemente marcado por discursos de direita e esquerda, a pesquisa mostra que mais de um terço da população não se identifica nem com o petismo nem com o bolsonarismo. Esse grupo representa uma fatia significativa do eleitorado que busca alternativas fora dos extremos.
Entre aqueles que possuem um posicionamento ideológico declarado, 38% afirmam ser de direita ou de esquerda, mas não se alinham nem a Lula nem a Bolsonaro. Esse contingente revela que há espaço crescente para o surgimento de novas lideranças e projetos políticos que escapem da dicotomia que dominou o Brasil na última década.
Oportunidade para novas lideranças
O resultado da pesquisa aponta para um esgotamento do ciclo atual da política nacional e abre espaço para que nomes fora do eixo lulismo-bolsonarismo ganhem força. O eleitor parece desejar propostas mais pragmáticas, focadas em soluções para os problemas do país, e menos centradas em disputas ideológicas acirradas.
Especialistas analisam que, caso esse movimento se consolide até as eleições de 2026, o Brasil poderá presenciar um dos processos eleitorais mais imprevisíveis desde a redemocratização, com a chance real de rompimento da polarização.
Por enquanto, a pesquisa não aponta quem seriam os principais beneficiados dessa rejeição crescente aos dois principais líderes da política nacional, mas deixa claro que o eleitor está mais aberto a ouvir e avaliar alternativas, tanto à direita quanto à esquerda.