Opinião: Lula arrisca sofrer a maior derrota política da sua carreira se tentar a reeleição

Luiz Inácio Lula da Silva é, sem dúvida, um dos personagens mais marcantes da história política do Brasil. De operário metalúrgico a presidente da República, construiu uma trajetória admirada até por adversários. No entanto, a possibilidade de Lula buscar mais uma reeleição em 2026 levanta um debate crucial: ele corre o risco de encerrar sua carreira de forma melancólica, derrotado e desgastado.

O Brasil mudou, e o eleitorado também. Lula retornou ao Planalto em 2022 após um período turbulento, marcado por processos judiciais, polarização e desconfiança generalizada em relação à classe política. Sua vitória naquele momento foi mais uma rejeição ao bolsonarismo do que propriamente um endosso entusiasmado à sua figura. Desde então, sua gestão tem enfrentado críticas em várias frentes: economia estagnada, tensões institucionais, dificuldades para articular uma base sólida no Congresso e crescente desgaste junto à opinião pública.

Se insistir em uma nova candidatura, Lula poderá se deparar com um cenário ainda mais hostil. A oposição, fortalecida e organizada, certamente explorará não só os fracassos de sua gestão atual, mas também o cansaço de um eleitorado que já não enxerga no petista o mesmo símbolo de esperança do passado. Além disso, a fadiga natural provocada por décadas de protagonismo político pode transformar Lula, aos olhos do público, em um exemplo do que há de mais arcaico na política nacional.

O risco não é apenas perder uma eleição — o que, por si só, já seria um golpe duro para quem sempre se orgulhou da sua trajetória vitoriosa. O verdadeiro risco é encerrar sua carreira política de forma humilhante, com a imagem de um líder que não soube reconhecer o momento de parar, insistindo em permanecer no poder mesmo quando os sinais indicam que o ciclo chegou ao fim.

A política é, antes de tudo, feita de timing. Líderes que souberam sair de cena no auge, como Juscelino Kubitschek ou Fernando Henrique Cardoso, preservaram parte de seu legado justamente por entenderem os limites da própria trajetória. Lula, ao contrário, parece inclinado a esticar sua presença no palco político até as últimas consequências, mesmo que isso signifique transformar uma biografia histórica em um episódio final de derrota e vergonha.

Por fim, cabe a reflexão: não seria mais digno que Lula encerrasse sua vida pública com a vitória simbólica de ter superado a perseguição judicial e ter retornado à Presidência? Persistir em um novo pleito pode não só resultar na perda do mandato, mas também no comprometimento irreparável do seu legado.

Lula deveria considerar seriamente: às vezes, a maior demonstração de força está em saber quando sair de cena.

Por Carlos Viana

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