Uma muralha chamada Alexandre de Moraes: o golpe que tropeçou no Xandão

Por  Carlos Viana >>

Era uma vez um grupo que sonhou alto: um golpe de Estado, uma ruptura institucional, talvez até um tanque emprestado de algum colecionador ou uma minuta rabiscada às pressas, com aquele toque caseiro de quem nunca leu direito a Constituição. O plano parecia, ao menos para os idealizadores, um espetáculo infalível. Mas, como toda boa história brasileira recente, eles esqueceram de um detalhe: no meio do caminho tinha uma muralha. Não era qualquer muro. Era Alexandre de Moraes, o Xandão.

Segundo investigações conduzidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a intentona bolsonarista não era só papo de grupo de WhatsApp. Era real. Convocaram generais aposentados, invocaram a pátria, pediram intervenção divina e humana, mas esqueceram de considerar que, do outro lado, havia uma figura que se tornou o verdadeiro pesadelo do extremismo: careca, de toga e com uma caneta que já virou lenda.

Alexandre de Moraes, ou simplesmente “Xandão” para os íntimos (e para os amedrontados), virou a personificação de uma resistência institucional que muitos subestimaram. Em meio a decretos, inquéritos e decisões monocráticas, ele se consolidou como um dos mais temidos ministros do Supremo. Não adianta gritar “liberdade!”, subir em carro de som ou invadir praça pública: Xandão estará lá, com a Constituição numa mão e o Código Penal na outra.

O plano golpista, que parecia um roteiro de filme B — daqueles que nem a Netflix se arriscaria a produzir —, foi desmontado antes mesmo de sair do papel. Interceptações, mandados de prisão, bloqueio de contas e, claro, aquela tradicional condução coercitiva que sempre rende boas imagens para os jornais. Tudo orquestrado sob o olhar atento e implacável de quem virou símbolo de um Judiciário que, para muitos, mais parece o anti-herói de uma saga nacional.

Os bolsonaristas, acostumados a tratar o STF como inimigo público número um, não contavam com a astúcia de Moraes. Talvez imaginassem que poderiam repetir, à moda antiga, aventuras autoritárias de outros tempos. Mas o Brasil de 2025 tem suas surpresas — e sua muralha de toga.

O episódio, que ainda rende delações, novas prisões e memes, deixou uma lição para a posteridade: não subestime quem tem o poder de determinar o bloqueio do seu passaporte, das suas redes sociais e, claro, a sua hospedagem temporária na Papuda. Xandão não perdoa. Xandão não esquece.

Se a política brasileira é um reality show, Alexandre de Moraes definitivamente é o Big Boss, aquele que vê tudo e elimina quem tentar quebrar as regras. O golpe? Nem chegou a acontecer. Foi abatido na decolagem, derrubado não por um exército, mas por uma muralha que responde simplesmente por: “o ministro Alexandre de Moraes”.

E, como diriam os próprios bolsonaristas no auge da sua eloquência: chora, golpista!

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