O senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG), conhecido por seu alinhamento ao ex-presidente Jair Bolsonaro e forte atuação nas redes sociais, surpreendeu ao declarar nesta semana que está repensando sua permanência na vida pública. Em discurso no plenário do Senado, Cleitinho desabafou sobre a “frustração” com o funcionamento da política brasileira e afirmou que considera não disputar mais eleições.
“Parece que todo mundo pensa ‘a política é negócio para roubar, desviar dinheiro e fazer rolo’. Ninguém senta e fala ‘vamos fazer para o povo’”, disse o senador. “Se você entra, saiba que você está num ninho de coisa errada”, acrescentou, sem apresentar exemplos concretos ou denúncias que sustentassem sua fala.
A declaração vem em meio ao fortalecimento de sua pré-candidatura à prefeitura de Belo Horizonte, embora ele não tenha oficializado a intenção. Segundo pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas, divulgada em abril, Cleitinho lidera com 39,7% das intenções de voto, à frente de nomes como Alexandre Kalil (19,3%) e Rodrigo Pacheco (14,6%).
A fala sobre um possível afastamento da política pode soar contraditória diante de seu desempenho eleitoral e da projeção que vem conquistando no cenário mineiro. Especialistas apontam que o tom do discurso reforça sua retórica antissistema — uma marca de sua trajetória desde os tempos de vereador e deputado estadual em Minas Gerais.
Nas redes sociais, Cleitinho se notabilizou por vídeos com forte apelo emocional e acusações genéricas contra políticos, instituições públicas e programas sociais. Diversas de suas postagens já foram classificadas como desinformação, especialmente nas áreas de saúde e educação. A estratégia o alçou como figura popular entre eleitores conservadores e evangélicos, grupo com o qual mantém forte identificação ao lado de aliados como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG).
Apesar das críticas que recebe por disseminar informações sem embasamento e adotar um discurso populista, Cleitinho conserva uma base fiel e engajada. A possível desistência da carreira política, ainda que não confirmada, pode funcionar mais como recurso retórico para reforçar sua imagem de “outsider”, que rejeita os códigos da “velha política”, mesmo estando hoje entre os quadros do Senado Federal.
Até o momento, o Republicanos não comentou a fala do senador. Cleitinho, por sua vez, concluiu seu discurso com uma promessa vaga: “Vou refletir, pensar com calma. Talvez não dispute eleição nunca mais.”