A prisão de Braga Netto e o cerco a Bolsonaro: Moraes aponta o próximo alvo?
A prisão de Braga Netto reacende os holofotes sobre a responsabilidade de figuras-chave do antigo governo em episódios que ameaçaram a democracia brasileira, e, inevitavelmente, coloca Jair Bolsonaro como o próximo nome no radar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Neste Sábado, 14 de dezembro, o Brasil testemunhou mais um capítulo de tensão no cenário político nacional. O general Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), além de candidato a vice-presidente na chapa derrotada de 2022, foi preso pela Polícia Federal em uma operação que investiga a tentativa de golpe de Estado no país. A prisão de Braga Netto reacende os holofotes sobre a responsabilidade de figuras-chave do antigo governo em episódios que ameaçaram a democracia brasileira, e, inevitavelmente, coloca Jair Bolsonaro como o próximo nome no radar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
A operação de hoje, conduzida no âmbito do inquérito que apura os atos antidemocráticos e o ataque às instituições, representa mais do que um desdobramento técnico de investigações. Ela é um marco político. Braga Netto, um militar de alta patente e figura central na gestão Bolsonaro, sempre foi um defensor do alinhamento ideológico com o ex-presidente e, segundo as investigações, teria desempenhado um papel ativo no planejamento de ações para deslegitimar as eleições de 2022. Sua prisão é simbólica: é a primeira grande figura militar do governo Bolsonaro a ser atingida diretamente por medidas judiciais relacionadas ao golpe.
O cerco se fecha
Desde os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, Alexandre de Moraes tem conduzido com firmeza os inquéritos que buscam identificar financiadores, organizadores e executores das ações que culminaram na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes. A prisão de Braga Netto sugere que o cerco se estreita em direção a Jair Bolsonaro, cuja influência sobre os atos de seus apoiadores sempre foi tema de controvérsia.
Para muitos analistas, Braga Netto era mais do que um vice decorativo: era um fiel escudeiro de Bolsonaro, sendo cotado nos bastidores como uma ponte entre o governo e as Forças Armadas. A pergunta inevitável é: até onde Braga Netto irá para proteger a si mesmo ou seus aliados? O ex-general possui informações sensíveis que podem comprometer ainda mais Bolsonaro e outros membros de seu círculo próximo. Com a prisão, abre-se a possibilidade de delações ou revelações que podem ser explosivas para o ex-presidente.
Bolsonaro: próximo na lista?
Se a prisão de Braga Netto foi interpretada como um sinal de que os responsáveis estão sendo atingidos, a figura de Jair Bolsonaro parece cada vez mais isolada. Moraes, que já determinou medidas contra o ex-presidente, como o bloqueio de contas em redes sociais e a inclusão de seu nome em investigações, demonstra que o STF está disposto a avançar, mesmo que isso implique enfrentar críticas de setores que acusam o tribunal de protagonismo excessivo.
A proximidade de Bolsonaro com os atos de 8 de janeiro, somada ao histórico de declarações que questionaram as urnas eletrônicas e incitaram desconfiança no processo eleitoral, coloca o ex-presidente em posição de grande vulnerabilidade jurídica. Apesar de seus aliados tentarem minimizar as acusações, o fato é que as evidências e os depoimentos colhidos em diversas operações indicam que a tentativa de golpe foi articulada por uma rede que inclui membros do alto escalão do governo e aliados externos.
A narrativa em xeque
A prisão de Braga Netto também atinge um ponto sensível do bolsonarismo: sua narrativa de suposto "patriotismo" e defesa da democracia. Se as investigações provarem que o general teve envolvimento em ações para subverter o resultado das urnas, isso enfraquece ainda mais o discurso que tenta blindar Bolsonaro e seu governo de responsabilidade direta nos ataques ao Estado Democrático de Direito. Além disso, o episódio coloca as Forças Armadas novamente sob escrutínio, reavivando questionamentos sobre sua atuação política nos últimos anos.
O impacto político
O desfecho da operação e o avanço das investigações podem ter desdobramentos profundos no cenário político brasileiro. Com Braga Netto preso, cresce a pressão sobre o núcleo duro do bolsonarismo, e figuras como Bolsonaro, Anderson Torres e outros ex-ministros sabem que estão na mira. Ao mesmo tempo, o caso expõe a fragilidade da oposição, que enfrenta dificuldades para se reorganizar diante de um governo que, apesar de seus desafios, se beneficia do desgaste contínuo de seus adversários.
No curto prazo, a prisão de Braga Netto é um alerta de que os crimes contra a democracia não serão ignorados. No longo prazo, ela pode redefinir os rumos do bolsonarismo, especialmente se Bolsonaro for, de fato, o próximo a enfrentar as consequências de sua conduta.
O Brasil vive um momento histórico, em que a Justiça avança sobre as estruturas que tentaram abalar a ordem democrática. A prisão de Braga Netto é mais do que um ato jurídico; é um recado claro de que ninguém está acima da lei. Agora, a questão que paira no ar é: até onde Alexandre de Moraes irá para garantir que a justiça seja feita?